Como identificar se seu filho é autista (Foto: jcomp/Freepik)

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgados em 2010 estimam que há cerca de 70 milhões de autistas no mundo. Somente no Brasil, deve existir cerca de dois milhões de autistas, número equivalente a uma criança em cada 68. Esse transtorno não é raro. Por isso, é muito importante saber como identificar e lidar com ele.

O que é autismo?

“Para começo de conversa, é preciso deixar claro: autismo é um transtorno, e não uma síndrome nem uma doença“, explica a bióloga Patrícia Cristina Baleeiro. Para ser considerada uma síndrome, é preciso conhecer exatamente o quadro clínico, fato que não corresponde com a realidade do Transtorno do Espectro Autista (TEA). “No autismo, até sabemos qual é o quadro clínico, mas, muitas vezes, não há um causador comum em vários pacientes”, explica. Dessa forma, o autismo é considerado um distúrbio do neurodesenvolvimento.

Como desconfiar?

Algumas características podem fazer parte da personalidade da criança ou de um possível transtorno. Por isso, identificar os sinais não é tarefa fácil, mas os adultos devem sempre observar o comportamento dos pequenos. “Crianças autistas geralmente apresentam dificuldade em estabelecer uma conversa, além de possuírem menor interesse em relações afetivas e emocionais. Um dos sinais mais evidentes no autista é a dificuldade de interações com outras crianças. O autista se comunica principalmente por gestos, expressões faciais e linguagem corporal“, revela o neurologista Moisés Antônio de Oliveira. Outros sinais são os movimentos repetitivos, como alinhar os brinquedos em uma fila ou repetir a mesma palavra várias vezes, por exemplo. “Também pode haver dificuldade para mudar a rotina, como ingerir sempre o mesmo alimento, além do interesse excessivo por algum objeto e fascinação visual importante, principalmente para luzes ou movimento”, acrescenta o neurologista.

Diagnóstico e tratamento

Segundo o psicólogo Renato Gallo, o autismo é diagnosticado somente por um neurologista ou psiquiatra por meio de observação clínica e por uma equipe multidisciplinar que vai avaliar cada caso. “É fundamental manter uma equipe para alinhar tudo o que deverá ser feito”, informa Gallo. O tratamento é feito com essa mesma equipe, trabalhando vários aspectos da saúde do autista.

Entenda os diferentes graus do autismo

Atualmente, o autismo é dividido em três níveis de gravidade. Confira as três principais características de cada um:

  1. Exigindo apoio
Comunicação
  • Quando não tem apoio, apresenta dificuldade na comunicação social, com danos perceptíveis;
  • Complicações para iniciar interações sociais, além de respostas incomuns ou inexistentes a abertura de pessoas;
  • Pouco interesse por interações sociais.
Comportamento
  • Inflexibilidade de comportamento, interferindo no funcionamento de um ou mais contextos;
  • Dificuldade em trocar de atividade;
  • Problemas de organização e planejamento, que interferem na independência.
2. Exigindo apoio substancial
Comunicação
  • Sérias dificuldades nas habilidades de comunicação social e na verbal;
  • Prejuízos sociais notáveis mesmo com auxílio;
  • Limitação ao iniciar interações sociais;
  • Resposta anormal a aberturas sociais de outras pessoas.
Comportamento
  • Inflexibilidade de comportamento.
  • Relutância em lidar com mudanças e ações restritas e repetitivas frequentes, sendo notadas por observadores e interferindo em outros contextos;
  • Sofrimento para mudar o foco ou ações.

3. Exigindo apoio muito substancial

Comunicação
  • Prejuízos intensos na capacidade de comunicação social verbal e não verbal;
  • Dificuldades severas em dar início às interações sociais;
  • Pouca resposta quando as pessoas dão abertura para iniciar uma comunicação.
Comportamento
  • Inflexibilidade de comportamento;
  • Dificuldade severa para lidar com mudanças e ações restritivas e repetitivas;
  • Sofrimento para mudar o foco ou ações.
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