
O influenciador Hytalo Santos e seu marido, Israel Nata Vicente, foram presos na manhã desta sexta-feira (15), em uma residência em Carapicuíba, na Grande São Paulo. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo e o Ministério Público da Paraíba confirmaram a prisão.
Ação policial conjunta
A Polícia Civil de São Paulo coordenou a operação em parceria com o Ministério Público da Paraíba, o Ministério Público do Trabalho e as polícias civis da Paraíba. O juiz Antônio Rudimacy Firmino de Sousa, da 2ª Vara da Comarca de Bayeux, expediu o mandado.
As autoridades investigam Hytalo por exploração sexual infantil, adultização de menores, tráfico de pessoas e produção de conteúdo com crianças e adolescentes. Além disso, a operação mirou a estrutura que sustentava essas práticas.
Origem das denúncias
O caso ganhou repercussão depois que o youtuber Felca publicou, em 6 de agosto, um vídeo denunciando a sexualização precoce de menores em conteúdos ligados ao influenciador. O material viralizou e alcançou milhões de visualizações em poucos dias.
Como consequência, decisões judiciais suspenderam os perfis de Hytalo, bloquearam seus canais e determinaram a desmonetização dos conteúdos. Dessa forma, a Justiça buscou interromper a circulação do material investigado.
Comentário de especialista
O advogado Francisco Gomes Junior, especialista em golpes digitais e presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e Consumidor (ADDP), analisou o caso. Para ele, a prisão representa um avanço, mas não pode ser encarada como a solução completa.
“Não podemos ter no Hytalo Santos o bode expiatório, como se ele sozinho tivesse criado todo um esquema. Obviamente ele não faz isso sozinho”, declarou.
Segundo Gomes Junior, é necessário investigar também quem recebia o conteúdo e como os algoritmos o distribuíam. Assim, o caso pode revelar não apenas indivíduos isolados, mas redes mais amplas de exploração.
Papel das plataformas digitais
O especialista destacou que as plataformas precisam assumir responsabilidades maiores. Ele afirmou que não se pode tratar crimes dessa natureza como simples questão de liberdade de expressão.
“Que liberdade de expressão você pode ter numa pedofilia, num crime? Isso não é liberdade de expressão”, reforçou.
Portanto, ele defendeu que empresas de tecnologia colaborem de forma ativa com investigações e abandonem discursos de neutralidade quando confrontadas com crimes graves.
Transparência dos algoritmos
Na avaliação de Gomes Junior, o Congresso precisa discutir de maneira urgente a abertura dos algoritmos das redes sociais. Ele mencionou inclusive o chamado “algoritmo P”, usado para recomendar conteúdos.
“Esse é o primeiro passo para saber o que a rede social está privilegiando. Quando não há regras, o que existe é a balbúrdia, e isso muitas vezes significa lucro para as plataformas”, concluiu.
Assim, o caso de Hytalo Santos pode servir como marco para o debate sobre crimes digitais e o papel das plataformas na proteção de menores.