Aprovado recentemente no Senado, o Projeto de Lei nº 3.010/2019 reconhece a fibromialgia, a síndrome da fadiga crônica e a síndrome complexa de dor regional como condições que garantem os mesmos direitos das pessoas com deficiência (PCD). Entre os benefícios estão a isenção de IPI e cotas em concursos públicos. A decisão evidencia o impacto dessas doenças na vida cotidiana, especialmente entre mulheres de 30 a 60 anos.
Como a fibromialgia afeta a saúde reprodutiva
O ginecologista e especialista em reprodução humana, Dr. Vamberto Maia Filho, destaca que a fibromialgia é mais comum entre mulheres nessa faixa etária. Segundo ele, o diagnóstico ainda é um desafio. “O diagnóstico é feito aos poucos e por exclusão, já que não existe um marcador laboratorial específico”, afirma.
Ainda de acordo com o especialista, a doença provoca manifestações importantes no campo ginecológico. Entre os sintomas, estão dores pélvicas contínuas, desconforto nas relações sexuais, alterações menstruais e aumento da sensibilidade em regiões íntimas.
Dores exacerbadas no ciclo menstrual e no sexo
A ‘fibromialgia’ intensifica dores que já ocorrem com frequência no cotidiano feminino. Isso inclui incômodos durante o ciclo menstrual ou em momentos de intimidade. “Esse aumento da sensibilidade à dor faz com que algumas dores naturais fiquem exacerbadas, o que pode gerar muito desconforto e até confusão com diagnósticos como a endometriose”, explica o Dr. Vamberto.
Além das dores físicas, o aspecto emocional também sofre alterações. “Ninguém gosta de conviver com dor, e isso afeta diretamente o psicológico da paciente”, pontua o ginecologista. Ele lembra que o sistema límbico, responsável por regular emoções, também influencia o ciclo hormonal da mulher.
Ciclo hormonal e saúde emocional interligados
A relação entre dor crônica, sofrimento psicológico e alterações hormonais cria um cenário delicado. O Dr. Vamberto ressalta que essas mudanças impactam diretamente a rotina da mulher. “A fibromialgia tem um impacto direto na saúde ginecológica, e o maior deles é a dor constante, que tira o conforto e interfere em momentos íntimos, sociais e profissionais”, resume.
Esse ciclo gera consequências que extrapolam a saúde física. O desconforto contínuo pode afetar relacionamentos, produtividade e a autoestima da paciente. Por isso, é necessário considerar tanto os aspectos médicos quanto emocionais no tratamento da doença.
Abordagem multidisciplinar no tratamento
Segundo o especialista, o tratamento deve ser individualizado e multidisciplinar. “É importante combinar medicação para dor crônica, fisioterapia pélvica, psicoterapia, atividade física leve e, em alguns casos, terapia hormonal. Cuidar do corpo e da mente é essencial para reduzir o impacto dos sintomas”, destaca.
Ainda segundo ele, práticas complementares como meditação, acupuntura e técnicas de relaxamento podem ser incluídas. Essas ações contribuem para o alívio dos sintomas e a melhora da qualidade de vida da mulher.
Diagnóstico precoce e controle dos sintomas
Embora não exista cura, o diagnóstico precoce facilita o controle dos sintomas e evita o agravamento do quadro. “Embora a doença não tenha cura, o diagnóstico precoce e a abordagem integrada são fundamentais para o controle dos sintomas e para que a paciente retome sua rotina com mais conforto”, finaliza o médico.
Com o reconhecimento legal e o avanço nas abordagens terapêuticas, o caminho para uma vida com mais bem-estar torna-se possível para mulheres que convivem com a fibromialgia.