No começo da união prevalece aquele clima gostoso de lua de mel. Mas por que será que ele vai se perdendo? Especialistas listam seis pontos aos quais você deve se atentar para manter vivo o encantamento dos primeiros meses.
Dividir, sim; subtrair, não
A ideia de ter alguém para compartilhar a vida é sedutora. E, com o casamento, sentimos que podemos realizar isso. Até aí, normal. O problema é quando começamos a atribuir à relação a responsabilidade de ser a única fonte de satisfação e de interesses. “Não dá para se anular como indivíduo, deixar de fazer as coisas que gosta e focar só nos programas que são comuns a dois. Até porque, para iniciar a relação, o outro se sentiu atraído justamente pelas suas características pessoais, por quem você é. Isso não pode ser abandonado”, diz a terapeuta de casais e sexóloga Rosely Salino (SP). Happy hour com as amigas, futebol com a turma do trabalho, cinema solo: essas coisas simples, quando preservadas, salvam os relacionamentos. “Um dos maiores erros é deixar de fazer o que gosta para evitar o confronto e não desagradar o outro”, garante a especialista. Uma hora o descontentamento fica insustentável e a tendência é despejar a frustração no parceiro. E dá-lhe brigas, acusações…
Paciência x cobrança
Se engana quem pensa que o início da vida a dois é marcado apenas de flores. Você deve se lembrar da dinâmica complicada: pessoas diferentes, que cresceram em ambientes com padrões e costumes muito distintos, se unem sob o mesmo teto têm que, em conjunto, delinear um novo jeito de viver. Mas por que no começo, apesar das dificuldades, tudo parece fluir melhor e, com o tempo, o que era relevado fica quase insuportável? “Conforme os dias avançam, vamos abandonando a paciência de acolher e entender o outro”, destaca a coach de relacionamento Miria Kutcher (SP). Puxe pela memória: no início, o que seu parceiro fazia de diferente soava atraente, divertido ou no mínimo curioso, não é verdade? Você até incluiu algumas esquisitices dele no seu estilo de vida… Esse espírito deve ser preservado, na medida do possível. É claro que vocês terão que mudar uma coisa aqui e outra ali. Porém, se enxergarem que o jeito do outro é só o jeito do outro mesmo, e não uma tentativa de enlouquecer e irritar você, é possível se acertarem com mais facilidade. Lembre-se sempre: são as diferenças que enriquecem o repertório da relação.
Sexo… e dos bons!
Transar é indispensável para o sucesso de um casamento. Mas também é fato que casar representa, quase sempre, uma diminuição na frequência das relações. É que dividir o mesmo teto coloca o casal em contato com um monte de obrigações e atividades nada sexy: pendurar roupa no varal, fazer as compras do mês e por aí vai… “Se junta isso a questão de que, por natureza, julgamos que tudo o que é novo traz mais apetite, vontade e tesão. Depois, o fogo vai abrandando”, afirma Miria. Calma: não é o fim da sua vida sexual, longe disso! O conselho é não deixar a rotina afogar a intimidade e tirar proveito da parte boa do sexo pós-casamento: vocês estão mais conectados, confiam um no outro, conhecem os gostos e preferências… Se souberem aproveitar esses pontos e criar oportunidades para que o sexo seja presente no cotidiano, ele pode ser realmente muito, muito mais satisfatório do que antes. E só melhora com o tempo! Outro problema que ronda os bastidores dessa questão: ambos, homens e mulheres, reclamam da falta de sexo. A ala masculina, no geral, fala que elas não querem transar. Elas, por sua vez, reclamam da falta do clima de conquista e sedução. Para juntar esses dois mundos e colocar fogo nos lençóis, é preciso verbalizar. Fale o que quer, o que espera e incentive-o a fazer o mesmo.
Mantendo os papéis
Para Rosely Salino, um dos grandes problemas do casamento moderno é que uma das partes, muitas vezes, vai abraçando tantas funções que, quando se dá conta, passou de parceira e amante a mãe (ou pai) da pessoa que dorme ao seu lado. “Isso é mais comum nas mulheres: elas começam a cuidar de tudo na casa, compram as cuecas do marido, tomam a frente da administração das contas… Depois reclamam da dependência do homem”, diz. “Outra coisa que acontece muito: com a chegada dos filhos, marido e mulher se chamam de papai e mamãe e esquecem totalmente da representação amorosa e sexual que têm um para o outro. Assumem o papel de pais em período integral. Só que… papai e mamãe não transam, né? Não raramente eles levam os filhos para dormir na cama com eles, justamente para fugir do sexo”, completa a terapeuta. A dica aqui, é focar no equilíbrio. Não há nada demais em ter uma personalidade cuidadora, mas ela não pode sufocar as outras facetas necessárias numa relação. Você são, antes de tudo, marido e mulher, ok?
Obrigações e lazer em equilíbrio
Dividir a vida e uma casa impõe uma série de mudanças e novas atribuições a cada integrante do casal. O tempo, no entanto, continua o mesmo de antes: vocês têm apenas 24 horas para dar conta das mil e uma tarefas que surgem pelo caminho a cada dia – aquilo que foi planejado e os muitos improvisos. Organização é essencial para que as coisas pequenas e simples não se transformem em grandes discussões e desgastes. “As tarefas domésticas, por exemplo, estão entre as campeãs de queixas. Os dois trabalham e têm as suas vidas, mas o lar também pede cuidados e demanda mão de obra. A minha experiência diz que os acordos verbais não funcionam bem. Pior ainda é esperar que o outro se toque e ajude em algo. Ninguém lê pensamento! Comuniquem as suas necessidades, levantem a disponibilidade de cada um colaborar e, definam, de verdade, como será a divisão. Por escrito, se preciso”, orienta Rosely. Tão importante quanto isso é o jogo de cintura que permite abrir um espaço no meio do turbilhão para um cinema, um vinho ou até mesmo uma noite de preguiça no sofá juntos. A vida de casado não pode ser um eterno checklist do que é preciso resolver. Mais leveza, por favor!
Nada de competição
Imagine o seguinte contexto: um de vocês vive um momento de ascensão na carreira, recebeu uma promoção, tem um cargo desejável, um salário bacana. O sucesso deveria, é claro, ser motivo de orgulho para o parceiro, certo? Acontece que nem sempre a dinâmica é assim tão positiva. Alguns casais competem, até mesmo de forma velada, para ver quem é o mais bem-sucedido, o que deixa as portas abertas para a entrada de ressentimentos, inveja, boicote… “Outro cenário que encontramos é a tentativa de acompanhar o ritmo do parceiro, ainda que isso signifique minar as próprias oportunidades para não ofuscá-lo”, diz Miria. Para que a relação se desenvolva de forma saudável, é preciso que ambos estejam comprometidos com o próprio crescimento, além de torcer e estimular o do outro, sempre com respeito e cumplicidade. Quando um ganha, o casal ganha. Não é melhor, então, se todo mundo marcar pontos?