O divórcio com conflitos e uma má relação após o término pode afetar a saúde dos filhos por décadas. Esse é o resultado da pesquisa recentemente divulgada pela Universidade Carnegie Mellon, de Pittsburgh, nos EUA. Para alcançar esse resultado, 201 adultos foram expostos a um vírus que causa resfriado comum e monitorados por cinco dias. Aqueles dos quais os pais tiveram uma separação conturbada se mostraram mais propensos a contrair a doença do que aqueles que os pais se separaram, mas que mantiveram contato e uma boa relação. O estudo apontou ainda que este grupo não é menos vulnerável do que os adultos que têm pais que moram juntos.
De acordo com a psicóloga Sarah Lopes, do Hapvida Saúde, uma das principais causas para este acontecimento é o desgaste emocional que os filhos têm na infância, ao presenciar conflitos entre os pais durante e após a separação. Ou seja, o sistema emocional abalado prejudica também o sistema imunológico dos indivíduos, fazendo com que tenham a saúde vulnerável e fiquem mais expostos às doenças e vírus, mesmo depois de adultos, por vários anos.
“As crianças têm seu sistema imunológico preservado quando a separação dos pais acontece de forma harmoniosa. Tendo em vista que o sistema imunológico é responsável por combater tudo que o nosso corpo entende como ameaçador, se não houve nenhuma ‘ameaça’ na separação do casal, o sistema imunológico é preservado. Porém, quando a criança percebe que a separação dos pais é algo ruim e ameaçador, naturalmente o sistema imunológico trabalhará contra esta situação, sendo algo invisível aos olhos do organismo e, assim, desgastando este sistema sempre que houver situações conflitantes que remetem a este fato. Desta forma, o sistema imunológico estará cansado e fraco para combater ameaças relacionadas às doenças”, explica a psicóloga.
Para evitar problemas na fase adulta, a especialista recomenda que, ao se deparar com a separação do casal, o filho ainda criança tenha apoio familiar, muito diálogo com os pais e, até mesmo, tratamento psicológico para lidar melhor com o acontecimento, entendendo que não tem culpa no divórcio dos pais. Assim, os riscos de desencadear fragilidade do sistema imunológico e emocional são menores.
“Geralmente, em consultório, percebemos que os filhos não aceitam a separação dos pais, ou acreditam que algum deles teve culpa. Neste caso, é importante fortalecer na crença do indivíduo que os pais tomaram esta decisão por outros motivos. O que foi feito, está feito. Mais importante é o que se faz daqui para frente”, ressalta Sarah.