Brasil lidera ranking de infidelidade na América Latina, segundo pesquisa recente (Foto: Getty Images)
Brasil lidera ranking de infidelidade na América Latina, segundo pesquisa recente (Foto: Getty Images)

A infidelidade é um desafio significativo em muitos relacionamentos. O Brasil ocupa o primeiro lugar na América Latina em casos de relações extraconjugais. A pesquisa “Radiografia da Infidelidade e Infiéis no Brasil” revela que 8 em cada 10 brasileiros já traíram em relacionamentos monogâmicos. Izabella Melo, professora de psicologia do CEUB, aponta fatores que influenciam a traição e destaca o papel da terapia na reparação de laços afetivos.

Izabella Melo identifica três principais razões para a infidelidade. Fatores relacionais, como a dinâmica do casal e a comunicação, influenciam diretamente. “Insatisfação conjugal e falta de comunicação podem minar a satisfação dentro do relacionamento, contribuindo para a infidelidade”, afirma Melo.

Fatores intrapsíquicos, relacionados ao histórico pessoal e psicológico de cada pessoa, também são importantes. A teoria do apego de John Bowlby sugere que cuidados recebidos na infância impactam as relações adultas. “Estilos de apego seguro ou inseguro influenciam a percepção e comportamento em relacionamentos”, explica a psicóloga.

Fatores situacionais, como estresse e a liberdade sexual contemporânea, também influenciam. “A disponibilidade de redes sociais e aplicativos de encontros facilita contatos extraconjugais”, aponta Melo.

A infidelidade afeta os parceiros de diferentes formas. A pessoa traída pode sentir insegurança, raiva e tristeza. Quem cometeu a traição enfrenta a reação emocional do parceiro e possíveis consequências sociais. A decisão sobre reconstrução ou término da relação depende dos valores e crenças de cada um.

A terapia oferece um espaço para diálogo e reflexão, ajudando na continuidade ou término da relação. “O terapeuta deve acolher os sentimentos de ambos e evitar julgamentos”, diz Melo. A terapia busca a segurança e bem-estar dos envolvidos, evitando a continuidade da relação em casos de violência ou incompatibilidade de valores.

Os maiores desafios na reconstrução de um relacionamento após a infidelidade incluem lidar com sentimentos intensos de insegurança e ciúmes. A pessoa traída precisa expressar seus sentimentos de forma não acusatória. A pessoa que traiu deve trabalhar para reconquistar a confiança. “Fortalecer a comunicação e promover experiências positivas são fundamentais”, ressalta a psicóloga.

O tratamento terapêutico começa com a validação dos sentimentos dos envolvidos e estabelece objetivos terapêuticos. As sessões incentivam diálogos e a melhoria da comunicação. “A neurociência contribui para uma compreensão mais profunda dos mecanismos cerebrais envolvidos na regulação emocional e na formação de vínculos afetivos”, explica Melo.

Para reconstruir o relacionamento, é necessário melhorar a comunicação, estabelecer novas regras e limites, e promover a reconexão emocional e física. “É essencial discutir e renovar continuamente os combinados sobre fidelidade”, conclui Melo.

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