Alimentos ricos em gordura e álcool podem agravar os sintomas da endometriose (Foto: Freepik)
Alimentos ricos em gordura e álcool podem agravar os sintomas da endometriose (Foto: Freepik)

A endometriose afeta cerca de 10% das mulheres em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A doença é caracterizada pelo crescimento do tecido endometrial fora do útero, causando dor crônica, inflamação e, em casos mais graves, infertilidade. A relação entre a alimentação e o controle dos sintomas tem sido amplamente estudada, com recomendações específicas para melhorar a qualidade de vida das mulheres diagnosticadas.

Com a proximidade das festas de fim de ano, que envolvem refeições ricas em gordura e álcool, é importante estar atenta à dieta. Especialistas indicam que certos alimentos podem agravar os sintomas, enquanto outros têm o potencial de aliviá-los.

A influência da dieta na endometriose

O ginecologista Patrick Bellelis, colaborador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, explica como a alimentação pode impactar os sintomas. “Evidências científicas comprovam que os alimentos ingeridos e o estilo de vida podem influenciar em uma série de aspectos, inclusive no metabolismo das prostaglandinas, que atuam nos processos inflamatórios do corpo, no ciclo menstrual e na atividade do estrogênio. Assim, uma dieta deficitária e o sedentarismo podem impactar na endometriose.”

A doença está associada a processos inflamatórios exacerbados e desequilíbrios hormonais. Alimentos ricos em vitamina B e ômega 3 são apontados como aliados na redução dos sintomas, enquanto carnes vermelhas, gorduras trans e bebidas alcoólicas demonstram agravar as dores e o inchaço pélvico, de acordo com estudo da revista alemã GebFra Science.

O que evitar durante as festas

A nutricionista Priscila Pinheiro, da Clínica Bellelis, destaca que evitar determinados alimentos pode ser tão importante quanto consumir os adequados. “Além das carnes vermelhas, gorduras trans e do álcool, recomendamos evitar alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares refinados, laticínios e cafeína.”

Ela também reforça a importância do bom funcionamento do intestino para a eliminação do excesso de estrogênio. “Alimentos ricos em fibras podem ser um socorro. Seu corpo se livra do excesso de estrogênio nas fezes. Sem uma evacuação saudável todos os dias, você provavelmente está constipada e seus níveis de estrogênio podem estar muito altos, o que pode ser bastante prejudicial para quem tem endometriose.”

Alimentos recomendados

Manter uma alimentação equilibrada, rica em antioxidantes e propriedades anti-inflamatórias, é essencial para quem convive com a doença. A nutricionista Julia Beux recomenda a dieta mediterrânea como um modelo ideal. “Sementes de girassol, nozes e linhaça, legumes como brócolis ou couve-flor, frutas como abacate, limão e mirtilos, e óleos de oliva e prímula são alguns deles. Esses alimentos ajudam a regular o metabolismo de estrogênios e hormônios.”

Além disso, alimentos ricos em ômega 3, presentes em peixes como salmão e sardinha, também são recomendados.

Dicas práticas para as festas

  1. Planeje seu cardápio: Opte por receitas que incluam alimentos anti-inflamatórios, como saladas com nozes, azeite de oliva e frutas frescas.
  2. Evite excessos: Moderação no consumo de carnes vermelhas e bebidas alcoólicas pode fazer diferença.
  3. Aposte nas fibras: Inclua alimentos como aveia, chia e vegetais crus para manter o intestino regulado.
  4. Substituições inteligentes: Troque sobremesas ricas em açúcar por frutas e escolha snacks saudáveis como castanhas e sementes.
  5. Hidrate-se bem: A água é essencial para o bom funcionamento do organismo, especialmente durante períodos de maior consumo alimentar.

Por que seguir essas orientações

A endometriose é uma doença complexa que demanda atenção contínua. Durante as festas de fim de ano, o desafio pode ser maior, mas mudanças simples na alimentação podem ajudar a reduzir os impactos. O foco em uma dieta equilibrada é uma das formas mais acessíveis de complementar o tratamento médico e melhorar o bem-estar.

“É importante lembrar que cada paciente é única. O acompanhamento médico e nutricional individualizado é essencial para ajustar a dieta às necessidades específicas de cada mulher”, finaliza o ginecologista Patrick Bellelis.

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