Se seu filho já pediu para deixar a luz acesa quando vai dormir, é porque ele tem medo do escuro. Aprenda a lidar com essa situação que é tão comum na infância, mas merece a atenção dos pais.

“O medo do escuro faz parte do desenvolvimento da criança. Todas sentem medo de coisas e pessoas em algum momento da vida, em especial, na fase dos três aos seis anos, quando a imaginação e as fantasias estão bem acentuadas”, explica a psicóloga e escritora Marilene Kehdi.

O medo, na verdade, prepara o corpo humano para fugir de situações de perigo e é uma reação inata e instintiva. O medo de ir ao banheiro durante à noite e os pesadelos são queixas frequentes de pais e filhos nos consultórios.

Fiquem atentos, pois a causa pode estar relacionada a alguns contos e mitos que todo mundo aprende nas ruas, na escola e em todos os lugares. Para driblar a situação é preciso diálogo e paciência.

Ausência dos pais

Segundo a psicóloga, a hora de dormir é também o momento em que a criança se sente desprotegida, pois terá que ficar distante da proteção dos pais, da segurança que eles lhes transmitem. “Adormecer é perder o contato com seus cuidadores, e isso causa uma ansiedade”, afirma. Além desses fatores, existem outros que desencadeiam o medo, um deles, por exemplo, é quando a família se muda para uma nova casa, e o novo quarto é completamente estranho para essa criança. “Se isso acontecer com frequência, a criança tende a ter medo, pois vai levar um tempo para se adaptar, o que vai exigir calma e paciência por parte dos pais”, afirma.

Ajude o seu pequeno

Para ajudar uma criança a perder o medo do escuro é necessário não menosprezar o seu medo. “Respeitá-lo é fundamental. Com diálogo, carinho e muita paciência, tudo irá se resolvendo”, pondera a especialista.

Deixar um abajur aceso e mostrar para o pequeno que dentro do seu quarto está tudo no seu devido lugar e que ele pode dormir com tranquilidade é uma boa estratégia.

“Esse comportamento por parte dos pais é fundamental para a criança se sentir tranquila em dormir no próprio quarto”, avisa a terapeuta.

A criança também precisa expressar o seu medo, e os pais devem ouvi-la sempre para que, assim, ela possa se sentir compreendida e aos poucos ter controle sobre esse sentimento. “É importante ressaltar que a forma como os pais enfrentam os seus próprios medos será aquela reproduzida pelos seus filhos”, argumenta a psicóloga. Ou seja, quanto mais autocontrole os pais tiverem, mais vão conseguir transmiti-lo aos seus filhos.

De olho na rotina da família

O medo do escuro é natural, desde que não afete a vida da família. “Não pode prejudicar demais o convívio social desta criança e também não pode causar modificações no seu comportamento e sua rotina”, avisa.

Se isso acontecer, está na hora de buscar ajuda especializada. “Um psicólogo irá ajudar essa criança através de técnicas específicas e eficientes e elaborar os medos e conflitos internos”, diz Marilene.

Atenção

Jamais force seu filho a dormir no escuro achando que, com isso, ele perderá o medo, pois agindo assim, só irá piorar o quadro, fazendo evoluir, por exemplo, uma ansiedade de nível alto ou uma síndrome do pânico, entre outros transtornos.