A estilista mineira Fabiana Milazzo estreia na São Paulo Fashion Week com uma coleção que homenageia o Brasil. Na passarela, a riqueza do nosso trabalho artesanal, elementos de fauna e flora e paisagens amazônicas misturados a símbolos icônicos da cidades históricas de Minas e das metrópoles brasileiras, como obras de Oscar Niemeyer, os grafites de São Paulo, o Cristo Redentor e as favelas do Rio de Janeiro.

Fabiana Milazzo – Outono Inverno 17 (Foto: Marcia Fasoli)

Para as peças feitas à mão, Fabiana se uniu a ONGs que investem no trabalho de artesãos, promovendo a cidadania através do ensino e valorização de práticas sustentáveis. Com o Instituto Tecendo Itabira (MG), de Ronaldo Silvestre, que treina e qualifica mulheres para a produção de peças artesanais, a designer desenvolveu peças de formas orgânicas com textura em relevo que refletem a sinuosidade das obras do arquiteto Oscar Niemeyer. Já o projeto Casulo Feliz, tecelagem artesanal de Maringá (PR), empresta seu fio de seda sustentável para casacos e blusas da coleção. No denim, os moletons levam o trabalho das mulheres da ONG Ação Moradia (Uberlândia), onde a estilista idealizou e financia o projeto Mulheres de Renda, que visa gerar renda por meio da profissionalização de bordadeiras.

O denim, aliás, continua forte na coleção de Fabiana, fazendo o contraponto entre o casual e a moda festa e feito em parceria com a Canatiba, através do projeto CanatibaLab + Fabiana Milazzo, do qual a estilista faz parte. A aposta da vez para o material é em listras criadas no próprio tecido com tiras de jeans reaproveitados, que seriam descartados, ou em bordados, misturando lã e pedraria. O trabalho pode ser visto em saias, trench coats e moletons oversized.

Fabiana Milazzo – Outono Inverno 17 (Foto: Marcia Fasoli)

Tecidos nobres, como chiffon, organza e musseline de seda pura aparecem em vestidos de festa godê – longos e midi -, saias amplas e blusas de mangas volumosas, românticas como a essência da marca. Nas peças de shape mais ajustado, os decotes e cavas são mais profundas, dando um ar sexy à coleção essencialmente romântica. Já as peças construídas com o viés de zibeline são mais estruturadas e apresentam formas inspiradas no trabalho de Niemeyer, mas com inspiração nas curvas do corpo feminino.

Na cartela de cores, o off white foi usado como base para as estampas e bordados – que levam toques metalizados – além de azul intenso, denim e dois tons de vermelho.

Nos pés, sapatos desenvolvidos pela Masqué, de Adriana Pedroso, trazem pequenas “penas” feitas artesanalmente em couro, lembrando pássaros. Brincos e colares foram desenvolvidos em parceria com a Annaka.