Muitas vezes nos sentimos tentados a oferecer aos nossos cães tudo o que estamos comendo, principalmente as guloseimas como gomas de mascar e chocolate. É preciso, porém, resistir àquele olhar pidão, pois uma substância pouco conhecida e de nome estranho pode provocar muitos prejuízos ao animal: o xilitol.
E você deve estar se perguntando o que é isso e como pode afetar a saúde do seu animal? Encontrado em uma grande quantidade de frutas, cereais e na casca de algumas árvores, o xilitol é um poliálcool, utilizado como um substituto do próprio açúcar, um adoçante natural. Muito utilizado pela indústria farmacêutica e como aditivo alimentar, está presente em produtos como pastas de dente, enxaguantes bucais, xaropes adoçados para tosse, vitaminas mastigáveis, pastilhas infantis, guloseimas humanas e até em chocolates dietéticos. A utilização do xilitol tem aumentado cada vez mais devido à sua capacidade de adoçar e por conter apenas um terço das calorias dos açúcares mais utilizados na produção de alimentos. Além disso, possui baixos níveis de carboidratos e não eleva o nível de açúcar no sangue.
Apesar de não ser nociva para os seres humanos, a substância é altamente tóxica para os cães. Ainda que em pequenas doses, quando consumida pelo animal, pode causar sérios problemas, como baixo nível de açúcar no sangue e insuficiência hepática. Isso ocorre porque, assim como os homens, os cachorros têm o nível de açúcar controlado pelo pâncreas, que, quando recebe xilitol, é estimulado a liberar insulina rapidamente, o que resulta em uma hipoglicemia (baixos níveis de açúcar no sangue) que pode ameaçar a vida do animal.
Dependendo do tamanho do cachorro e da quantidade consumida, essa hipoglicemia pode ser apresentada entre dez e 60 minutos, causando danos permanentes e, em alguns casos, até mesmo a morte do animal. Embora varie enormemente de marca para marca, três chicletes sem açúcar podem ser suficientes para levar um cão de médio porte, a óbito.
Em maio de 2016 a Food and Drug Administration (FDA), órgão do governo dos Estados Unidos que tem a função de controlar os alimentos e medicamentos, publicou um comunicado orientando as pessoas que possuem cães de estimação a levarem seus animais imediatamente para clinicas veterinárias ao desconfiar que tenham ingerido a substância. Uma nota ainda foi publicada pelo órgão, aos proprietários de gatos, informando que a toxicidade do xilitol para os felinos não foi documentada. “Eles parecem ser poupados, pelo menos em parte, por seu desinteresse por doces”, segundo o FDA.
Por todos esses motivos, devemos sempre estar atentos com os pequenos hábitos que podem levar esse verdadeiro veneno para os nossos cães. Além de jamais presenteá-los com guloseimas e de não escovar os dentes deles com os nossos cremes dentais, é fundamental deixar produtos que contenham xilitol bem fechados e longe do alcance de seus animais de estimação.
*Valéria Salustiano é responsável pela Gestão da Qualidade da Magnus