A jornalista Rafa Brites anunciou pelo seu Instagram que realizará uma cirurgia para retirar uma prótese de silicone colocada há 16 anos, aos 20 anos de idade. A apresentadora afirmou que não teve nenhum problema com a prótese, mas finalmente tomou coragem para retirá-la após remarcar três vezes o procedimento, que está agendado para 4 de agosto. A maior preocupação de Rafa são as cicatrizes do procedimento.
“Quando realizamos um implante de silicone, o objetivo é aumentar o volume das mamas. Então, quando retiramos a prótese, procedimento conhecido como explante mamário, há uma diminuição deste volume e, portanto, além da prótese, a pele também deve ser retirada. Quanto maior a quantidade de pele que precisa ser retirada para dar forma à mama, mais significativas serão as cicatrizes resultantes”, diz a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Outra opção: Enxerto de gordura
Outra opção, segundo a cirurgiã plástica, é a realização de enxertos de gordura. Rafa afirmou que essa será a estratégia utilizada no seu caso: “Depois que eu amamentei, fiquei só pele e prótese, não sei o que aconteceu com as minhas glândulas [mamárias]. Então, tem que colocar uma gordurinha para dar pelo menos um volume”, disse a jornalista nos stories. A Dra. Beatriz Lassance explica que o enxerto de gordura é realizado com gordura retirada da própria paciente através de lipoaspiração. “O resultado não é tão previsível quanto com o implante de uma nova prótese e pode ser necessária mais do que uma cirurgia para obter o resultado esperado”, diz a médica. Dependendo do caso, a modelação da nova mama pode ser demorada, mas a retirada da prótese é simples e oferece os mesmos riscos de qualquer cirurgia, como infecções e sangramentos. “A cirurgia de retirada ou troca de prótese é um procedimento cirúrgico como qualquer outro. Os cuidados pré e pós-operatórios devem ser seguidos à risca”, recomenda.
Outros motivos para a retirada de prótese de silicone
Além da insatisfação com a prótese, outros motivos que levam às mulheres a retirarem ou trocarem as próteses de silicones são linfomas, síndrome ASIA e contratura capsular. Mas a BAPS (Brazilian Association of Plastic Surgeons) esclarece que os casos são raros e não há motivo para pânico. “Esse assunto ficou muito em evidência na mídia nos últimos anos. Recalls de fabricantes por conta do risco de contratura capsular e casos de linfoma (um tipo raro de câncer) associados às próteses deixaram muitas pessoas preocupadas. Outra preocupação foi com relação à síndrome ASIA, quando o silicone pode desencadear uma reação imunológica que faz com que o organismo ataque a si mesmo. Mas não há motivo para alarme, preocupação e corrida para os consultórios para retirar as próteses. São casos muito raros”, explica o cirurgião plástico Dr. Daniel Lobo Botelho, presidente da BAPS.
Segundo a associação, estatísticas mostram que, com o passar do tempo, mesmo aumentando as chances de problemas com as próteses, como contratura capsular (endurecimento de uma cápsula que o organismo forma ao redor das próteses, deixando-as duras e às vezes dolorosas) ou mesmo a sua ruptura, o mais provável é que nada ocorra. Já no caso dos tumores, dados do banco nacional de câncer dos Estados Unidos, de 2008 a 2018, mostram que o linfoma anaplásico de grandes células (ALCL) relacionado ao implante mamário ocorreu a uma taxa de 8,1 por 100 milhões de pessoas por ano. “Esse caso desse tipo raro de linfoma, os índices de cura são bastante altos”, diz o médico. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, os índices de cura ultrapassam 90% dos casos, e a maioria das pacientes é tratada apenas com a remoção da prótese e da cápsula, sem a necessidade de quimioterapia ou radioterapia.
Mas, no caso de algum sintoma ou suspeita de alterações das próteses de mamas, a paciente deverá procurar um cirurgião plástico. Confirmado o diagnóstico de contratura capsular, a prótese deve ser trocada por uma nova e podem ser feitas incisões na cápsula para deixá-la mais maleável ou mesmo retirá-la. “Se a paciente está satisfeita com o tamanho e forma das mamas, a cirurgia pode ser feita pela mesma cicatriz da primeira intervenção e, então, o implante é trocado. A cápsula é retirada ou incisada, e uma nova prótese de tamanho igual ou maior é colocada”, explica o presidente da BAPS. Nos casos de Síndrome ASIA e do linfoma, quando as doenças são desencadeadas pelas próteses de silicone, apenas a remoção do implante com sua cápsula, geralmente, já é capaz de minimizar e até eliminar os sintomas da doença.
Cirurgia de mamas deve ser feita por cirurgião plástico
A BAPS lembra que a cirurgia de mamas deve ser feita por cirurgião plástico. “O cirurgião plástico pode avaliar cada caso e junto ao paciente decidir qual a melhor solução. O cirurgião plástico deve fazer uma avaliação correta e detalhada da saúde do paciente antes da cirurgia, esclarecer detalhadamente todo o procedimento que será realizado e fazer um acompanhamento rigoroso no pós-operatório para minimizar qualquer risco e decepção do paciente”, finaliza o presidente da associação.