Marca de acessórios artesanais exibe custos de suas peças em e-commerce

A marca cearense Catarina Mina, especializada em acessórios feitos à mão, abre os segredos de suas bolsas femininas e lança a campanha #umaconversasincera, que carrega como base os princípios da economia criativa e sustentabilidade. Nesta campanha, a marca expõe os custos envolvidos na produção de cada uma de suas peças e processo. A marca é a primeira no Brasil a adotar a iniciativa.

Criada em 2005, a Catarina Mina, sob o comando da designer Celina Hissa, iniciou o trabalho com algumas artesãs do Ceará e, aos poucos, com diversas trocas de experiências foram tecendo juntas a vontade de valorizar o artesanato, buscando maneiras de o tornar atrativo e econômico, e projetando o artesanato no mercado para que a atual e novas gerações de crocheteiras sintam orgulho da atividade que fazem e produzem.

Todo esse ciclo frenético, tão sedutor para muitos designers, é assustador para a publicitaria Celina Hissa, 31 anos, da marca de acessórios artesanais Catarina Mina. “Quando você tem essa pressão para criar como o fast fashion, acaba copiando e perde o timing, a oportunidade de inovar”. Ela admite só conseguir lançar uma coleção a cada 6 meses. A demora não se da por falta de habilidade, mas pela valorização do processo criativo e da natureza do produto: bolsas em crochê. Apesar de assumir a ponta do desenvolvimento do design das peças, Celina não cria sozinha. Envolve artesãs e costureiras no processo. “É um campo novo, e estamos inventando. Se temos uma ideia hoje ela pode levar até um ano para ser resolvida, diferentemente do couro que tem soluções conhecidas” destaca.

Experimentalismo é a palavra-chave do negocio, como frisa Celina, pois é dele que as boas ideias surgem, são maturadas e tornam-se peças feitas com esmero, graças ao senso de qualidade apurado. Foi assim que surgiu um dos modelos da nova coleção, lançada em maio. A referida bolsa levou um ano para ser completada e traz, como novidade, alças feitas de macramê com amarração semelhante a das correias de cavalos. “Tenho apego em recriar os clássicos porque o modelo não deve se exaurir em uma coleção. Porém, já que a moda pede novidade, então, faço adaptações como fechos, adereços e alças diferentes”. E o ineditismo não fica apenas nas formas do produto, está também na cultura de sustentabilidade da marca, evitando desperdício em cada atividade.

Entre os custos efetivos com o produto e custos aproximados da produção geral, a marca se torna a primeira no Brasil a apresentar em seu e-commerce, de maneira clara e direta, qual foi o custo geral de desenvolvimento de cada uma de suas peças e, consequentemente, o lucro em cima delas. “Queremos convidar as pessoas a ter curiosidade sobre o que está por trás do produto e como funciona a cadeia de moda de uma forma geral. É uma forma de deixar visíveis nossas prioridades e deixar o consumidor por dentro de todo nosso processo de produção. Que tipos de vidas e pensamentos incentivamos com nossas formas de consumo?” explica Celina.

Assumindo a cultura do artesanato, a Catarina Mina optou em 2015 por focar maior dedicação a quem realmente trabalha para o desenvolvimento e produção de suas bolsas, pois é isso que garante a qualidade e durabilidade do mesmo. A iniciativa foi motivada pelo questionamento de algumas equações da moda na qual maior parte do investimento vai para a imagem e esforços de venda, enquanto os custos com produção (costureiras, artesãos, designers e os próprios materiais) ficam cada vez mais escassos. Há casos em que a soma do valor dedicado à compra de material e pagamento de mão de obra chega a ser menos de 10% do valor final do produto. No atual modelo de negócio da marca, as artesãs traçam o jeito de ser da Catarina Mina e participam efetivamente dos ganhos da empresa.

As coleções da Catarina Mina são lançadas duas vezes ao ano e costumam incluir 25 modelos, cada um deles com uma média de 80 unidades, número que pode crescer dependendo da demanda.

Desde 2005 traçando relações entre o design e o artesanato

Este ano, a Catarina Mina completa uma década dedicada a enxergar o artesanato brasileiro não só como produto, mas também como processo, tradição e arte. Durante esse período, a marca já desenvolveu produtos, firmando parcerias de Private Label para grandes marcas como: Osklen, Água de Coco, FYI, Maria Filó, LOOL, Maria Garcia, Daslu, Lilla Ka, Lita Mortari, Vivere e Lelis Blanc.

Além disso, em 2013 e 2014 a marca participou da produção três exposições em parceria com a artista Ana Maria Tavares, uma das exposições foi internacional, em Houston, EUA, no MAC (em Fortaleza-CE), e no museu da VALE (em Vitória-ES).

Os materiais já tão difundidos na cultura regional como chita, tear, crochê e rechiliê, se transformam em peças exclusivas e recebem das habilidosas mãos das costureiras e crocheteiras a resignificação de um conhecimento antigo em uma proposta contemporânea.

Com produtos distribuídos pelos estados de Brasília, Ceará, Espírito Santo, São Paulo e Fortaleza, a grife cearense tem hoje como principal pondo de venda sua loja virtual

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