As taxas dos cartões de crédito são consideradas as mais altas do mundo. Segundo dados do Banco Central (BC), os juros dos cartões subiram 8,1 pontos percentuais entre dezembro e janeiro, atingindo a marca histórica de 439,5% ao ano. Para as famílias brasileiras que já estão com o orçamento apertado nesse início de ano, controlar as finanças e o uso do cartão de crédito é fundamental para não cair na inadimplência.

Segundo o advogado especialista em direitos do consumidor e consultor financeiro, Dori Boucault, é possível utilizar o cartão de crédito sem comprometer as finanças. “O cartão é um bom instrumento de compra a crédito, pois se o consumidor não estiver com o dinheiro em mãos, ele tem até 40 dias para pagar”, orienta Dori. Ainda segundo o consultor, o cartão é um meio mais seguro de fazer compras já que dispensa o uso do dinheiro. Mas alguns cuidados são necessários para não transformar esse aliado em vilão.

Controle a compulsão

Ao fazer compras com o cartão, as pessoas não veem o dinheiro saindo do bolso, por isso, muitas vezes, compram sem pensar nos gastos. “Antes de comprar faça a si mesmo três perguntas: ‘eu preciso disso’? ‘Eu tenho dinheiro para quando chegar a fatura’ e ‘eu preciso disso agora ou posso deixar para mais tarde’?”, orienta o advogado.

Evite atrasos no pagamento

O cartão possui taxas de juros altas, com isso existe um risco muito grande de ficar no vermelho se não pagar a fatura total na data do vencimento.

Se possível, utilize só um cartão

Ter muitos cartões também atrapalha a sua vida financeira. Dori Boucault conta que o ideal é ter um cartão com data de vencimento próxima à data do pagamento do salário, pois, assim, você pode pagar a fatura quando cair o salário e evita os atrasos. “Se o consumidor for organizado, é possível até ter dois cartões, um para o dia 15 e outro para o dia 30, por exemplo, com isso ele vai controlando as datas das compras com as datas do pagamento”, completa Dori.

Evite pagar o valor mínimo

O chamado “crédito rotativo” possui juros muito altos, que podem dobrar o valor da fatura. O advogado orienta a procurar o gerente caso tenha parcelas em atraso. “Tente fazer um parcelamento com situações possíveis de serem cumpridas, alongando o pagamento é possível conseguir uma parcela menor, mas fique de olho se esse juro não é abusivo!”, avisa o especialista.

Fique de olho nas parcelas

Em caso de compras parceladas o advogado orienta a observar se o valor não muda de acordo com a parcela. Ele diz que se o valor aumentar com os juros, não vale a pena utilizar a forma parcelada.

Utilize linhas de créditos menores

Caso não consiga pagar o valor total da fatura e não for possível negociar com o banco, procure uma linha de crédito com juros mais baixos, como o crédito consignado, por exemplo, onde os juros são menores. “Assim é possível saldar integralmente a fatura do cartão. O consumidor passa a dever a linha de financiamento e não mais ao cartão”, afirma o advogado. Mas o especialista alerta: essa medida só deve ser tomada em situações de emergência!

Saiba a quantia certa de limite do cartão

Dori Boucault diz que o ideal é ter um cartão de crédito com limite que corresponda até 30% do salário e comprar apenas aquilo que cabe no seu orçamento. Dori também orienta a ter em mente que aquele crédito pertence ao banco.

Cuidados com as compras no exterior

Nas compras em sites internacionais é preciso ficar atento, pois o preço está, geralmente, em dólar e é preciso fazer a conversão correta. “Tenha em mente como anda a moeda do seu país e que sobre a compra ainda virá o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que corresponde a 7% da compra”, diz o advogado.

Fique atento aos programas de milhas

Muitos cartões oferecem milhas e pontos que são verdadeiras tentações, já que algumas oferecem prêmios e viagens. Dori diz que se você souber utilizá-las, pode valer a pena, mas é preciso ficar atento a detalhes como data do vencimento, forma de utilização e data de possibilidade de viagem. Para utilizar os pontos, normalmente, é preciso ter paciência para fazer a conversão das milhas, pois o atendimento pode ser burocrático e demorado. “Não gaste pensando nas milhas, pois são coisas incertas, faça bem a conta para ver se não está sendo iludido com a promessa de vantagens”, finaliza Dori.